Grupo de Estudos de julho conta com duas aulas sobre otimização de dose

Posted on: 2019-07-16

A reunião de julho do Grupo de Estudos de Proteção Radiológica da SPR teve a participação de dois profissionais da área: Dra. Lisa Suzuki, responsável pela radiologia pediátrica do Hospital das Clínicas e do Hospital Sabará, e o Dr. Paulo Roberto Costa,  professor assistente de Física do Instituto de Física da USP (IFUSP) e especialista em Física de Radiodiagnóstico pela ABFM. Dr. Hilton Muniz Leão Filho estava presente e fez comentários sobre as apresentações.

Dra. Lisa Suzuki apresentou a primeira aula, sobre otimização de dose nos locais em que trabalha. Ela falou sobre termos importantes, como CTDI, DLP, FC (fatores de correções), dose efetiva e SSDE (Size Specific Dose Estimate).

De acordo com ela, os hospitais seguem um protocolo básico, com ajuste conforme o peso, com sérias enxutas e um trabalho de conscientização de todos os profissionais. E explicou que os médicos se acostumaram com as imagens um pouco mais ruidosas, pois são suficientes para o diagnóstico, mesmo sendo estando abaixo do praticado em outros hospitais. 

Destacou que a leitura de exames infantis é sempre mais trabalhosa para entender os níveis de referência em diagnóstico e doses alcançáveis, sendo preciso criar parâmetros adequados. Além disso, existem fatores externos que podem prejudicar a imagem: como por exemplo, faixas de contenção quando a dose é muito baixa.

Suas considerações finais foram:

  • A redução de dose é importante (ajuste de dose por peso/diâmetro, protocolos enxutos e indicações precisas);
  • A “hiper-redução” deve ser evitada (depende do tipo de equipamento) e pode prejudicar o diagnóstico, que é o objetivo principal;
  • O uso racional dos métodos deve ser amplamente divulgado entre os radiologistas e os médicos não radiologistas;
  • A correta informação sobre os riscos e benefícios dos métodos que utilizam a radiação a ser enfatizado.

Após a apresentação, Dr. Hilton comentou que as pessoas no plantão (geralmente mais jovens) reclamam da dificuldade de diagnóstico em imagens com dose menor e perguntou se é possível medir isso. Dra. Lisa acha que esta dificuldade pode ser resolvida, mas que não poderia responder com precisão, pois ainda não conseguiu avaliar este aspecto.

A seguir, Dr. Paulo R. Costa falou sobre DRLs, otimização em TC pediátrico e qualificação profissional. Mostrou o conceito Diagnostic Reference Levels (DRL), existente desde a década de 1990 e que se tornou repertório dos radiologistas e físicos. Falou também sobre a comissão CRP, a partir do qual passou-se a entender com um ponto de vista prático e claro o que as instituições devem fazer para se obter valores confiáveis de DRL.

Sobre a DRL pediátrica, seu comentário foi de que existem muitos desafios. É preciso ter informação da base de dados, coletada de maneira coerente. Enfatizou que o Brasil é país continental e que, por isso, existem diferenças enormes de um lugar para outro. De qualquer forma, ressaltou que é preciso dar mais peso para o benefício, que na maioria das vezes ultrapassa em muito os riscos. Este aspecto é importante inclusive para os pais, pois a comunicação com eles é de risco. É preciso dizer que existe o benefício do exame para as crianças, quando bem indicado.

Citou o Dr. Donald Frush, idealizador do Image Gently, e falou sobre a importância de conhecer as necessidades para proteção radiológica. Por exemplo, na área pediátrica, é preciso entender que a criança não é um pequeno adulto. Existem diferenças anatômicas. De acordo com ele, o pediatra sabe disso, mas outros profissionais também precisam entender este conceito. A qualificação do físico médico nesse sentido, também é importante.

Citou também a campanha Bonn Call for Action, da qual é preciso enfatizar os princípios da otimização e proteção radiológica – lembrando que essa abordagem deve consistir numa atualização regular dos níveis de referências em proteção radiológica.

Por fim, falou sobre como é preciso desenvolver equipamentos numa categoria única, indicadores de risco de pacientes devem ser medidos, precisos, em todos os procedimentos de diagnósticos por imagem. E deixou a questão: “Quanto a gente reduz nos órgãos quando otimizamos?”, com o link para o projeto disponível no Journal of Applied Clinical Medical Physics: https://doi.org/10.1002/acm2.12505

Ao final, todos discutiram as apresentações e falaram sobre tendência à divisão de responsabilidades nos serviços, em que o radiologista dá o laudo, o técnico tem que fazer o exame com a dose adequada e o físico, talvez, seja hoje o mais bem preparado para lidar com o cenário como um todo.

Participe online do próximo encontro, em 5 de agosto: http://bit.ly/latinfafe05-08-19.

"Promote through education safe diagnostic imaging in Latin America with emphasis on radiological protection"

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