Dr. Luciano Chala aborda temas do Outubro Rosa

Posted on: 2018-10-09

Câncer de Mama e Mamografia

 

Luciano Fernandes Chala

Médico Radiologista do Grupo Fleury Medicina e Saúde

Doutor em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina da USP

Membro da Comissão Científica do Capítulo de Mama da Sociedade Paulista de Radiologia

Membro da Comissão Nacional de Mamografia do Colégio Brasileiro de Radiologia

Membro da Comissão de Acreditação em Diagnóstico por Imagem do Colégio Brasileiro de Radiologia

 

Latin SafeO câncer de mama é o câncer mais comum em mulheres no Brasil e no mundo. O Outubro Rosa é um movimento criado na década de 1990 que visa engajar a população no controle da doença. Portanto, é um ótimo momento para lembrarmos da importância da mamografia e esclarecer dúvidas sobre ela.

A partir da década de 1970, começou uma progressiva redução na mortalidade pelo câncer de mama, sobretudo, nos países desenvolvidos. Isso tem sido atribuído à detecção precoce da doença no rastreamento mamográfico e aos avanços no tratamento. Diversos estudos mostraram que a realização periódica da mamografia está associada a redução na mortalidade pela doença; na metanálise feita pelo Independent UK Panel, essa redução foi estimada em 20%. Por essa razão, diversas organizações médicas recomendam que as mulheres realizem uma mamografia por ano após os 40 anos de idade.

Um dos medos legítimos das mulheres é se o uso repetitivo da mamografia pode paradoxalmente causar câncer de mama. Nenhum estudo demonstrou diretamente que mulheres que realizam a mamografia tenham mais câncer de mama do que aquelas que não realizam e estudos baseados em modelos matemáticos mostraram o número de mortes evitadas com o uso da mamografia é muito maior do que o risco teórico de câncer induzido pelo exame. Adicionalmente, a dose de radiação empregada na mamografia é extremamente baixa e foi significativamente reduzida com avanços na tecnologia do exame, sobretudo, a introdução da mamografia digital de campo total. Para se ter uma ideia, anualmente recebemos de fontes naturais inevitáveis de radiação ionizante, uma quantidade de radiação equivalente a 4 a 6 mamografias. Portanto, não há nenhuma razão para as mulheres deixarem de realizar sua mamografia anual pelo medo do exame causar câncer de mama. No entanto, isso não significa que não temos de ter cuidado ao realizar a mamografia. Toda e qualquer ação que reduza a dose de radiação e mantenha a qualidade é bem-vinda, isso inclui realiza-la apenas quando necessário e em locais com rigoroso controle de qualidade dos equipamentos

Um outro tópico relacionado a radiação mamográfica que surgiu na mídia, foi a suposta associação entre a mamografia e o aumento na incidência de câncer na tiroide e, por conseguinte, a necessidade do uso de protetor de tiroide durante o exame, o qual pode prejudicar sua realização e comprometer a eficiência diagnóstica. Essa associação não tem qualquer fundamentação científica razoável. Adicionalmente, segundo estatísticas do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos, a incidência de câncer de tiroide tem aumentado desde 1998 a uma taxa similar entre mulheres e homens e, esses últimos, não realizam mamografias periódicas. Por fim, a dose de radiação recebida pela tiroide durante a mamografia equivale a 30 minutos de exposição às fontes naturais inevitáveis de radiação.

Diversas entidades médicas tais como o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico, o Colégio Americano de Radiologia, o Departamento de Saúde e a Associação de Radiologistas do Canadá e Associação Americana de Tiróide publicaram pareceres não recomendando o uso do protetor de tiroide durante o exame. Concluindo, não há nenhuma razão para a mulher deixar de realizar a mamografia ou realizá-la com protetor de tiroide devido ao temor de câncer de tiroide induzido pela radiação mamográfica

 

"Promote through education safe diagnostic imaging in Latin America with emphasis on radiological protection"

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